Um dia, do nada pensei em conversar com meu município...
perguntei sem espera de respostas: ó município de Santa Cecília,
onde tu estás?
Surpreendentemente vi o passarinho cantar: - estou aqui e acolá,
seja nas asas de um pássaro, ou aos pés humanos que longe me levam
para outros municípios, outros países, outros continentes...
Viajo pelas águas correntes que andam formando imagens dignas de
felizes lágrimas desabrochando no mar, completando os oceanos. Corro
pela boca do povo que muito me comenta e de mim faz lendas...
Após isso, voa a bela ave e olho para paisagem, repleta de morros,
estes sorridentes, lindos e falantes. Falantes?
É, agora quem comigo conversavam eram os morros desta cidade. Me
contavam calmamente que por aquelas terras muitos trabalharam,
sorriram e até choraram, mas sempre buscaram nas gotas amargas
produzir soluções, refletir, não se acomodar...
Relataram também que muita gente ainda há de passar, pois
sussurraram um segredinho pessoal bem ao pé de meu ouvido:
-Um dia nós seremos famosos e todos virão nos visitar, não
conseguimos nem imaginar a alegria que será...
-Todo mundo tem sonhos, até os morros de nossa cidade, afinal, são
belos, mas geralmente insistimos em valorizar o mundo externo, não
identificando quão grande é a beleza presente dentro de nossa
cidade, dentro de nós...
De repente, ouço uma voz, diferente do pássaro e dos morros, agora
era um cachorro, velho, magro e... e... e falante ( Eles insistem em
me perseguir !). Podia ter julgado o mesmo pela aparência, tamanha
indecência, afinal este cachorro era especial. Conversamos por
horas, onde muito aprendi. - Este povo jovem menino, quase sempre
sorri, é muito solidário, tem seus pontos precários os quais o
tempo dará conta de educar. Mas o verdadeiro valor do Ceciliense é
que aprendeu o maior dos dons, este o dom de amar. Os conflitos que
vivemos não passaram só para degradar, também deixaram sua
mensagem, mostrando que a guerra não é a melhor forma de solucionar
dizendo que jamais devemos andar desunidos e que ao ajudar o mal
nutrido, amanhã é mais uma mão que nos ajuda a levantar....
-Era cedo, acordei deste louco sonho, mas dele pude refletir que
assim se constrói a personalidade do povo de origem Ceciliense, um
ser de caráter, lealdade, guerreiro, com suas precariedades como me
conta o cachorro sábio, não mais velho e magro, mas são defeitos e
problemas aos quais jovens de 9 a 90 anos buscam corrigir, pois
agora, como toda hora, é hora de agir e será da junção do
pensamento jovem, aliado a experiência do adulto e idoso e a
valorização de nossa terra que fará a maior de todas as vitórias,
a vitória de Santa Cecília, a cidade da família, consagrada em
feiras do conhecimento, destaque no esporte, forte na formação de
mentes fascinantes, do adolescente pensante que sonha em ver esse
município ainda mais bonito.
Quanto aos índices que nos chamam de miseráveis, o que respondemos
é que os números erram e que ser miserável não significa não
ter capital e sim não ter capacidade de pensar e ver que este lugar
ainda vai dar muito o que falar. Teremos cecilienses pesquisando
viajando para outros planetas? Acho provável, afinal, somos nascidos
de um local que através do seu povo, suas culturas, sua história e
sua infinda beleza nos mostra que o infinito é o caminho e não a
impossibilidade.
Celso
Menegussi Junior
(
Baseado no livro "O pequeno Filósofo" de Gabriel Chalita )